BEM VINDOS

SEJA BEM VINDO. MOTIVAÇÃO, PODER DA FÉ,AUTO-ESTIMA, PODER DO AGORA, HOJE É

QUEIMANDO PANELAS VERSUS TERAPIA OCUPACIONAL

OS CAMINHOS DAS TERAPIAS
1 - QUEIMANDO PANELAS VERSUS TERAPIA OCUPACIONAL
Quando a médica neurologista que me dava assistência pegou os resultados dos exames, entre outros o da “Ressonância Magnética” e viu os resultados, e comentou o diagnóstico, falou que eu teria que aprender a conviver o resto da vida com as deficiências. Em seguida encaminhou-me para um grupo de Terapia Ocupacional, na Universidade Católica Dom Bosco, para reabilitação e para as sessões de fisioterapia.

Por quase seis meses frequentei as sessões de fisioterapia diariamente. Mas quando chegou na fase das atividades de Terapia Ocupacional, não aguentei mais a vida em Campo Grande. Foi ai, mais que resolvi voltar para Guia Lopes da Laguna. Neste período, eu já estava fazendo adequação da minha alimentação. Às vezes eu mesmo preparava “queimava panela”, quando tinha uns trocados disponível frequentava um restaurante, na Avenida Afonso Pena, por quilo, que oferecia diversidade de pratos, uma a duas vezes por semana.

De volta para casa, tinha duas opções uma comer comida de marmita ou ir para cozinha e preparar o alimento.

Optei pela segunda opção preparar as próprias refeições. Nesta ocasião, morava somente eu e minha esposa em casa. Entretanto, ela trabalhava fora e tinha outras ocupações.

Desafio de Cozinhar:

Na verdade sempre gostei de cozinhar, mas sempre o básico. Até hoje não sei preparar pratos requintados. Aquelas receitas de TV. Mas com os problemas neurológicos, associados ao AVC, tinha, aliás ainda não superei tudo, algumas dificuldades ligadas a atenção, concentração, memória, temporalidade, espacialidade, reflexos viso-motor, equilíbrio do corpo, coordenação motora... Mas com a vontade, disciplina, paciência, resignação, intuição dei início ao desafio.

Lavar as louças – A água é terapia. Tocá-la, senti-la, ingeri-la. Mas lavar louças é uma habilidade que se desenvolve, ainda mais com sabão. Quebrei muitas louças de vidro, caindo no chão ou mesmo dentro da pia. As inquebráveis a maioria sobreviveram, panelas, tampas, (os amassados foram inevitáveis) tapoeres.

Mexer com facas – continua sendo ainda um desafio de aprendizado. Por mais que tome cuidados, são constantes os cortes e perfurações. Mas aos poucos estou adquirindo habilidades.

Queimaduras – Outra habilidade e sensibilidade que estou reaprendendo. No princípio parecia que o cérebro estava insensível. Muitas foram as queimaduras, nos vapores, panela, tampa, chaleiras, chama e grade do fogão, nos utensílios.

Temperos e tempo de cozimento – algo aparentemente simples, mas sofri muito, estraguei muitos alimentos. O cérebro não apresentava habilidade para dosar a quantidade de sal, óleo ou outros temperos. Ora demais, ora de menos. Ficava testando o paladar. Por fim, acabei me adaptando para menos. Mas, o que incomoda é calcular o tempo que cada alimento necessita para o cozimento adequado. Tenho que permanecer ao lado da panela, controlando de tempo em tempo.

Queimando Panelas – Oh! Pobres panelas, tampas e chaleiras. No princípio (hoje ainda acontece, porém numa intensidade já menor) por não ter controle cerebral e mental de tempo e memória, eu colocava uma panela ou uma chaleira no fogo, se saísse de perto do fogão e fosse para qualquer outro lugar, apagava da mente, memória, que tinha uma panela, chaleira no fogo ou forno. Quando “caia a ficha” já era tarde. Cheiro de queimado, fumaça. Penso que os Anjos protegeram muito para não pegar fogo na casa ou acontecer alguma explosão. Deste modo, praticamente todas as panelas queimaram, retorceram. Ficaram inutilizadas. As partes que eram de plástico ou material sintético derreteram todas. Alimentos carbonizavam a ponto de pegarem fogo devido o aquecimento. As chaleiras deformaram de tanto ferver à seco. As próprias bocas, queima-chamas do fogão, ficaram inutilizadas pelo superaquecimento.

Como tem sido desafiador equilibrar o funcionamento da memória e temporalidade.

Hoje estou conseguindo desenvolver uma metodologia que me dá suporte. Planejo antes o que vou preparar de refeição; faço apontamentos; marco o tempo no despertador do celular; deixo os ingredientes na mesa ou na pia; e marco um horário determinado para começar a preparar, principalmente o almoço, e ai procuro ficar na cozinha até ficar tudo pronto.

A Lição que fica:

Embora esse resumo histórico parece cômico e sem significado, entretanto, estes exercícios na cozinha foi mais que uma Terapia Ocupacional, tem contribuindo significativamente para a reabilitação de muitas funções entre outra o desenvolvimento dos reflexos, habilidades motoras, desenvolvimento memória funcional de trabalho, embora ainda volátil, melhora das funções cognitivas principalmente as de noções de temporalidade, espacialidade, atenção e observação.

É claro, teremos que renovar o jogo de panelas e alguns utensílios domésticos.

Assim, até este momento, continuo frequentando a cozinha não só como processos de reabilitação, mas também na preparação de uma alimentação mais saudável. Ah! De vez enquanto dou o nó, escapo da cozinha, também não sou de ferro.

Ainda em tempo, embora não optei pelo forno micro-ondas, mas não dispensei da panela elétrica, que hoje me auxilia, no preparo de um arroz com ou sem frango e no próprio vapor já aproveito para cozer alguns alimentos, chuchu, abobrinha, batata, batatinha, jiló...

Um comentário: