3. LIBERTANDO-SE DE SENTIMENTOS DE CULPA
Vinícius[1] compara a nossa consciência a um espelho: “Assim como o espelho reflete o nosso exterior, a consciência reflete o nosso interior. Vemos através dela a imagem perfeita de nossa alma, como no espelho a imagem real do nosso rosto.”
A consciência tem a função de refletir com justiça, pondo, diante de nosso próprio critério, o aspecto exato de nossa moral e forma interna do nosso ser.
À medida que evoluímos, ela se torna mais desperta e mais lúcida, dando-nos uma compreensão mais ampla do porque da vida, tal como um nevoeiro que, quando vai se dissipando, permite ver o horizonte com maior amplitude. Sempre que agirmos em desacordo com as Leis Morais, a consciência se manifesta, direcionando nossa atenção para o sucedido, objetivando o arrependimento e a reparação.
A culpa somente tem sentido até o momento em que tivermos a consciência do erro. A partir daí, ela passa a ser nociva ao melhoramento, pois não faz ninguém se sentir melhor, nem serve para modificar uma situação, do contrário, mantém-nos conectados ao erro.
A culpa constrange, inferioriza, deprime. Não adianta remoer o passado, cultivar o remorso e o ressentimento. Quando compreendemos o real sentido da vida, passamos a aprender que errar faz parte do aprendizado e o equívoco costuma ensinar muito mais do que o acerto.
Não importa o tamanho do erro, sempre queremos acertar. Nada poderia ter sido diferente do que foi, porque era a maneira que sabíamos ver na época. Sempre fazemos o que pensamos ser o melhor dentro do nosso nível de entendimento.
O peso da culpa é muito doloroso. Procuremos melhorar nossa auto-estima, porque ela desenvolverá nossa dignidade. Deus não fez ninguém errado. Cada um é perfeito em seu nível e estamos todos desenvolvendo nossos potenciais. As dificuldades, os problemas, os enganos e até as ilusões são formas de treinamento para que alcancemos a maturidade espiritual. Por isso, a culpa deve ser eliminada da nossa mente, pois, além da dor e da tristeza íntima, poderá, como o tempo, desencadear as enfermidades no corpo físico.
É certo que, de acordo com o nosso nível de entendimento, seremos responsabilizados pelas faltas que cometemos, mas, em vez de nos submetermos à escravidão que a culpa pode nos causar, busquemos pelo trabalho e através da reforma íntima, reparar os equívocos.
[1] VINÍCIUS. Em Torno do Mestre. 6. Ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 1991. p. 94.
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